Gorium
 
Entrevista concedida pelo André, onde ele fala história do projeto Gorium, o processo de criação de suas músicas, álbuns lançados e mutios mais...Confira abaixo:
 

1) Como se iniciou e qual a força impulsiva que motivou a criação deste projeto, Gorium ? Fale também sobre a origem do nome (às vezes você usa o acento trema e outras não).

Tudo se iniciou lá por 2007, foi um ano em que eu praticamente adentrei o mundo da música. Como todo adolescente, fascinado pelos novos sons, fiz uma banda de garagem com amigos da escola. Nessa época também comecei a conhecer novas bandas e estilo com a ajuda da internet e nunca fui preso a bandas que a maioria gosta, algumas até não suporto, isso me fez conhecer muitas coisas e também o Dark Ambient.
Acabei montando um projeto com mais dois amigos com a idéia de fazer um som "obscuro" mas com instrumentos acústicos, eles acabaram não se interessando e foi mais uma idéia pro lixo, segui em tentar algo sozinho foi quando surgiu o primeiro "álbum" do Gorium, "Isolation, Silence and Darkness".Álbum que com o tempo acabou ficando perdido, perdas de vários backups foram praticamente a destruição do álbum.
Criei um segundo álbum com o título de "Sleepwalker", álbum aonde comecei minhas primeiras composições criadas com instrumentos virtuais e que por infortúnio do destino perdi o material antes de publicar.
Mesmos com esses problemas, em sempre acontecer algo com com minhas músicas aonde não conseguia publicá-las, continuei porque sempre quis mostrar o meu modo de expressar através da música, e também fui motivado pela minha falecida noiva, ela sempre me apoiou muito nesse meu lado criativo.
No inicio ainda optava por certos temas que envolviam lugares fantásticos ou histórias que eu mesmo criava, porém após a morte dela (minha noiva) comecei a botar mais sentimento em cada uma das músicas, que por fim acabam se tornando parte de mim.
De maneira resumida o que me impulsionou, e impulsiona, é mostrar o amor pela música que faço, o sentimento que coloco nele. Que a cada opinião positiva obtenho aquela satisfação, algo como dever cumprido.
Sobre o nome Gorium/Görium, sempre deixo para quem acompanha meu projeto adivinhar o significado. Até hoje só uma pessoa acertou, então vou deixar um pouco mais no mistério.
Ah, a respeito da questão do acento (trema) que eu usava, acabei meio que parando de usar devido a criação de plataformas na internet para divulgar, acaba que os endereços sempre ficavam faltando letra e dificultava de encontrarem meus sites, então resolvi aos poucos ir parando de usar o acento. Quem conheceu "Görium" conseguiu pegar o inicio do meu projeto.

2) Fale sobre a discografia do Gorium, já lançou quantos álbuns ? Todos eles foram em
formato MP3 ?

Sempre tive em mente lançar meus álbuns em CD e até tentei por um tempo fazendo materiais caseiros, mas não teve uma repercussão esperada. Acabei optando por lançar tudo em MP3 com download gratuito. Mas a idéia de um dia lançar um material físico ainda existe.
Tenho álbuns próprios e participações em coletâneas, e também splits. Lancei cerca de dez álbuns, que não se perderam por problemas, indo agora fim de Dezembro (2013) para o décimo primeiro, que leva o título de "Ghosts". Um álbum mais mais calmo com relação aos anteriores, sem percussões agressivas que é algo marcante nas minhas músicas.
Alguns álbuns não tem uma temática fixa outros sim, uso como exemplo o album Stigmata II: Sins...Scars, o tema que abordei nele foi totalmente questões fetichistas e também foi um reflexo de certos momentos de minha vida. Agora um exemplo de álbum sem temática concreta é o Hidden Tracks, que vem como um álbum de músicas não lançadas oficialmente.

3) Você acha que lançar material físico CD/Tape/Vinil tem sua importância ou não é mais viável nos tempo de hoje ?

Todo e qualquer tipo de material é importante e alguns podem não ser tão utilizados como o Tape/Vinil, mas ainda sim são materiais. Mesmo nos tempos de hoje em que até o CD tem perdido seu lugar, ainda sim acredito que essas plataformas também tem uma importância assim como os livros de uma biblioteca. Assim como um livro conta a história de alguém importante, o CD/Tape/Vinil conta a história de uma banda/projeto, algo que deve ficar marcado futuros apreciadores.
Mesmo eu não tendo meus materiais físicos, considero importante o espaço desses materiais e um dia penso em ter meus próprios com o Gorium ou outros projetos pessoais.

4) Como você vê a repercussão e o desenvolvimento do estilo desde da época do seu ingresso na cena ?

No início eu não tinha uma visão tão "distante" do dark ambient, até porque só fui entrar nesse mundo com a primeira coletânea de dark ambient nacional, o Necronomusick: The Death.
Após minha participação comecei a conhecer pessoas e bandas novas, vi que antes era uma coisa bem privada, muitos dos que escutavam esse estilo eram os mesmos que o faziam. Ao passar dos anos percebi que ele foi ficando mais conhecido, comecei a encontrar gente procurando por materiais dark ambient cada vez mais.
Apesar de ser um gênero musical bem simples, sem muita exposição, notei essa diferença com os anos desde que iniciei. Em questão do Gorium, também evolui muito e pretendo seguir mais além. Hoje me vejo quase lado a lado de ídolos que nunca pensei que chegaria perto, projetos em que me imaginei sempre por baixo mas consegui estar andando junto com eles e isso também traz uma grande satisfação.

5) Quais são suas influência dentro do Dark Ambient e fora dele também?

Posso dizer, como primeiro contato na mesma época dentro e fora do dark ambient, que foi o Akira Yamaoka e seguido de Mortiis, Lustmord, Dusk ov Shadows, Atrium Carceri, Doom:VS, Mind Necrosis Factor, Cryptid. Após um tempo comecei a conhecer projetos brasileiros que também me inspiraram que foi Kandelabrum, Maiesti, Posthuman Tantra, Silentio Deum Cole.

 

6) Fale um pouco de como é o processo de criação e gravação. Que instrumentos, programas e etc que utiliza para tal ?

Na questão instrumentos e programas inicialmente eu sempre usava gravações de voz e violão, mas acabei migrando para instrumentos virtuais aonde ajudariam a completar mais meu som de acordo com o que eu tinha em mente. Atualmente faço uso 100% de softwares para criação das minhas músicas, abrindo exceções apenas para gravação de vocais.
Agora no lado da criação, sempre acontece de repente. Muitas vezes são algo que leva poucos minutos ou dias, varia muito essa parte. O álbum Cold Blood levou nove horas para ser concluído, chegando a ser quase 1 hora para criação e finalização de cada música. Agora o mais recente Ghosts (previsto para 12/2013) já alcançou três meses e ainda não está completo.
Minha mente nessa parte trabalha de acordo como esta minha vida, o que acarreta aquele sentimento próprio de cada música ,como citei antes.

7) Você já fez apresentação ao vivo ? Como foi ela ?

Já fiz, até o presente momento, quatro apresentações. Sendo três em Cuiabá (aonde moro) e uma em Rondonópolis.
Digamos que foi um tanto que tenso para mim, botar a cara a tapa para mostrar meu trabalho em lugares aonde ninguém tinha escutado coisas do tipo antes.
E digo que tirando amigos que já tinham escutado e gostado, a maioria do resto das pessoas nas apresentações não gostaram. Foi aquele momento em que se toca três músicas e ta todo mundo parado olhando, de repente começam a sair do recinto.
Realmente foi desesperador, mas é assim que funciona.
Só me arrependo de uma apresentação, em que quando comecei a mostrar meu projeto, outras bandas começaram a afinar/testar instrumentos e mesmo sob pedidos para esperarem o fim de minha apresentação continuaram, acabando por desrespeitar meu espaço naquele momento. Terminei, por desgosto, minha apresentação após cinco músicas.
Espero que venham mais oportunidades, gostei das apresentações mesmo não tendo o efeito que esperava, mas gostei muito.

8) Planos para o futuro com o Gorium ? Você tem outros projetos musicais ?

Creio que manterei o Gorium no mesmo ritmo, cerca de 2 álbuns por ano, e pretendo deixar ele não só mais sonoro como visual também.
Comecei um projeto com um amigo chamado Umbra, aonde quase se transformou em uma nova fase do Gorium(quem sabe no futuro), pretendemos fazer algo no estilo post-rock. Brevemente começaremos a botar as coisas pra funcionar.
Fora os projetos mais ambientes, tenho uma banda de metal com influencias de industrial e death.
As vezes sempre tento novos caminhos como rhythmic noise, EBM, neo folk, doom e gothic rock.

9)Para finalizar deixe seus contatos e links para que possam falar com você e conhecer seu projeto?

Primeiramente gostaria de agradecer ao SBDAM pela entrevista, realmente posso considerar a primeira entrevista que faço. Agradecer também pelo espaço e oportunidade que traz a todos os projetos de dark ambient nacional, é uma grande satisfação ver que tem gente que aprecia e ajuda nessa divulgação de não só o Gorium, mas de muitos outros que fazem parte desse genero no Brasil. Muito Obrigado.

http://gorium.blogspot.com
http://soundcloud.com/andr-gorium
http://andre-gorium.bandcamp.com
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http://facebook.com/GoriumOfficial
obskurium-noctum@bol.com.br